De Pindamonhangaba para o mundo.

Pindamonhangaba fica no interior de São Paulo, há exatamente 150 kilometros da Capital.Uma cidade pacata, estranha, com toque de recolher, onde as pessoas somem às 22:00 da rua, os bares fecham e o que ficam são só os lugares subterrâneos, onde tudo pode acontecer. Só quem sabe o lugar dessas passagens pode afirmar que existe vida noturna em Pindamonhangaba. E é daqui, dessa subterraneidade que eu observo e escrevo tudo aquilo que acontece aos arredores do meu cotidiano.

14 junho 2006

Eu ri.

Ao chegar no escritório, o entrevistador lhe perguntou:
- Qual foi seu último salário?
- Salário mínimo, respondeu Juvenal.
- Pois se o Sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês!
- Jura?
- Que carro o Sr. tem?
- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!
- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma
BMW para sua esposa!
Tudo zero!
- Jura?
- O senhor viaja muito para o exterior?
- O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes ...
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco,
Nova Iorque, etc.
- Jura?
- E lhe digo mais... O emprego é quase seu.
Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente.
Mas é praticamente garantido.
Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir
trabalhar na segunda-feira.
Juvenal saiu do escritório radiante.
Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito
telegrama.
Sexta-feira
mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e contou as boas novas.
Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita música.
Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto.
As 9 horas da noite a festa fervia.
A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolva solta.
Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero.
A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal.
E a banda tocava!
E o choop gelado rolava!
O povo dançava!
Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro.
Gastaria horrores para o bairro encher a pança.
Tudo por conta do primeiro salário.
E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.
Onze horas e cinqüenta e cinco minutos........
Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca
amarela...
Era do Correio!
A festa parou!
A banda calou!
A tuba engasgou!
Um bêbado arrotou!
Uma velha peidou!
Um cachorro uivou!
Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa?
- Coitado do Juvenal! Era a frase mais ouvida.
Jogaram água na churrasqueira!
O chopp esquentou!
A mulher do Juvenal desmaiou!
A motoca parou!
- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?
- Si, si, sim, so, so, sou eu...
A multidão não resistiu...
- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!
- Telegrama para o senhor...
Juvenal não
acreditava...
Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos.
Silêncio total.
Respirou fundo e abriu o telegrama.
Uma lágrima rolou, molhando o telegrama..
Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.
Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.
O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava.
- E
agora? Quem vai pagar essa festa toda?
Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava...
Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico:








- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!!
- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!!

posted by Fata @ 7:45 PM - Desenvolvimento de Sites (pura propaganda)