Cachorrada

A cachorrada anda passando super bem aqui em casa, tudo isso porque eles aprenderam roubar comida de cima do fogão.
Domingo foi o frango assado inteiro e hoje foi a macarronada. O engraçado é que eles roubam lá de cima e ainda deixam um pouquinho pra gente, bondosos né?
E a gente acaba comendo ovo frito improvisado, já que o bom de tudo eles comem primeiro.
Meu pai disse que vai por pimenta na comida pra eles aprenderem a não fazer mais, só que é bem capaz deles retornarem e pedir mais um pouquinho.
A cachorrinha menor que não alcança no fogão, nem liga muito, porque minha avó manda comprar queijo fresco pra ela todos os dias e se bobear compra salaminho também.
Isso é um pecado, eu já falei, mas ela diz que pecado é a cachorra passar fome.
- Compra ração, pra que serve ração?
- Coma você a ração, porque minha cachorra é gente.
- Então tá.
E eu volto quieta pro meu canil, com o rabo entre as pernas.

Cemiteriedade

O Pessoal lá do cemitério, está meio encanado com a gente desde que começou a reforma do túmulo do meu avô.
O primeiro que começou a reforma faleceu e deixou a gente na mão, então tivemos que contratar outro. Quando foi pra fazer a exumação do corpo, o outro foi mordido por escorpião e agora que um terceiro assumiu, foi internado ontem, chegou louco no cemitério e precisou ser levado pro hospital de camisa de força.
Diz meu pai que hoje, quando ele chegou no cemitério, levando as plaquinhas de cobre pra colocar no túmulo, os coveiros se esconderam com medo de serem contrados por ele.
O administrador do cemitério disse pro meu pai, que era melhor contratar um inimigo pra terminar o serviço, assim já fazia dois trabalhos de uma vez.
As plaquinhas voltaram, ninguém quis colocar e meu pai disse que também não vai colocar não e perguntou se a empregada não quer ir lá fazer o serviço, ela disse que vai mandar o ex-marido:
- Pelo menos ele não fica com aquela vaca!